CAL - Dicas de uso

Guia sobre cal: tipos, aplicações, cuidados e normas técnicas

as diferenças entre a cal virgem e a hidratada e saiba como usá-la na pintura ou na preparação de argamassas fonte:

Elemento mineral proveniente de rochas calcárias ou magnesianas, a cal é amplamente aproveitada pela construção civil. É usada, por exemplo, na execução de concretos asfálticos e solos estabilizados; e também na produção de isolantes térmicos e blocos sílico-calcários. Contudo, seus principais usos no canteiro estão relacionados à preparação de argamassas ou aos processos de pinturas

CALVIRGEM X CAL HIDRATADA

A composição da cal virgem é diferente da hidratada, sendo que na primeira há maior presença de cálcio e magnésio. No segundo tipo, prevalecem os hidróxidos de cálcio e de magnésio, além de pequenos teores de óxidos não hidratados. Além dos constituintes principais, podem estar presentes no material carbonatos de cálcio e magnésio.

“A norma ABNT NBR 6453 — Cal virgem para construção civil especifica três tipos de produtos: CV-E, CV-C e CV-P. Basicamente, as categorias traduzem os graus de pureza da matéria-prima empregada e as diferentes características do processo industrial de produção”, explica o especialista.

Já para as cales hidratadas, existem outros três grupos no mercado brasileiro: CH I, CH II e CH III. “Categorias que também são determinadas em função da matéria-prima e processo de industrialização”, comenta o pesquisador. Esses produtos são regulados pela ABNT NBR 6473 — Cal virgem e cal hidratada — Análise química.

Como comparação, a CH I se caracteriza pelo elevado teor de óxidos totais (cálcio mais magnésio, que são os responsáveis pela capacidade ligante do material), enquanto a CH III tem teor limite maior de material carbonático (em função de sua fabricação).

APLICAÇÕES

De maneira geral, a cal hidratada é a mais usada na construção civil nacional. A escolha se justifica pela maior segurança no transporte, manuseio e aplicação. Seu aproveitamento acontece, principalmente, na preparação de argamassas destinadas ao revestimento de fachadas ou assentamento dos elementos de alvenaria.

Apesar de a hidratada ser a mais popular, a virgem também pode ser utilizada nas argamassas. No entanto, seu uso requer uma hidratação prévia que deve ocorrer no próprio canteiro. Para isso, a cal é submersa na água e tem que ficar “descansando” por alguns dias. Somente depois, é misturada ao cimento para compor as argamassas mistas.

“A prática é importante para evitar problemas de expansão e consequente desagregação e esfarelamento do revestimento, uma vez que a reação química de hidratação acaba por ocorrer lentamente na parede, no decorrer da vida útil das argamassas”, detalha o pesquisador.

Para pintura, a hidratada também é preferência — mercado em que existe predominância do uso do tipo dolomítica. Com base de pigmentos inorgânicos, como óxido de ferro, essa cal oferece um leque variado de cores.


PREPARO DE ARGAMASSAS

Os benefícios da presença da cal nas argamassas mistas de acabamento estão associados, majoritariamente, ao aumento da plasticidade no estado fresco e ao favorecimento da deformabilidade da mistura endurecida. “A elevada capacidade de retenção de água favorece também a hidratação do cimento, lembrando que em ambientes quentes ou ventilados as argamassas podem perder água rapidamente, prejudicando a cura.

As misturas de cimento e cal, quando comparadas àquelas produzidas com cimento e areia, têm menor módulo de elasticidade do revestimento. Essa propriedade permite a deformação ou absorção de tensões em função de choques térmicos no decorrer da vida útil da argamassa. Isso explica o motivo de as argamassas que têm cal em sua composição serem menos suscetíveis ao surgimento de fissuras.